Pouco mais de um ano após o seu lançamento oficial
no Brasil, o SUV Renault Duster já tem bastante história pra contar. Na
verdade, antes mesmo de nascer já era profetizado como o
"anti-EcoSport", e cumpriu logo com sua sina: ano passado ajudou a marca
francesa a bater recorde de vendas no país e, com mais de 8 mil
emplacamentos de vantagem sobre o modelo da Ford, tirou deste a
liderança de mercado entre os utilitários esporte, que perdurava desde
2003.A tardia aparição da nova geração de arquirrival contribuiu em muito para a conquista do Duster.
Principalmente pelo fato de o Duster ser uma novidade adaptada (e
nacionalizada) da montadora romena Dacia, subsidiária da Renault que
atende a mercados mais populares, com design ultrapassado e conforto
inferior ao do novo EcoSport que, por sua vez, tem ainda uma história
vitoriosa e uma legião de seguidores. A reação nas vendas do jipinho da
Ford nos últimos meses de 2012 confirma esta tese e promete disputa
acirrada entre os modelos para este ano.
Duster tem preço total
sugerido pela Renault de R$ 66.160, já incluídos todos os opcionais
disponíveis: pintura na cor verde amazônia metálica (R$ 1.120); bancos
com revestimento em couro natural e sintético (R$ 1.510); e sistema
MediaNav, com tela touchscreen de 7 polegadas; navegação por GPS, rádio
com conexão USB/iPod, Bluetooth e entrada auxiliar (R$ 510).O carro ainda oferece computador de bordo, ar-condicionado, regulagem de
altura do banco do motorista e do volante revestido em couro; airbags
para motorista e passageiro, freios ABS (antiblocantes), comandos do
sistema de rádio e telefonia na coluna da direção, sensores de
estacionamento (muito úteis num veículo de 4,31 m de comprimento, 1,82 m
de largura e 1,70 m de altura) e demais itens de série de todas as suas
versões.
O visual do Duster não é arrojado nem bonito, longe disso. Mas é curioso
como, com o passar do tempo e a observação no uso diário, o olhar se
acostuma e se deixa seduzir pelo seu jeitão meio rústico, sem
perfumarias estéticas. A exclusiva cor verde metálica chama a atenção, e
basta um pouco de lama na carroceria para lhe dar um aspecto mais
agressivo, digno de um veículo off-road.Visto de perfil, a altura de 21 cm do solo, os ângulos de ataque e
saída de 30° (dianteiro) e 35° (traseiro) graus, os paralamas
ressaltados que se unem a parachoques com desenhos limpos e em duas
cores, aumentam ainda mais essa impressão.Rodas de liga leve aro 16 na cor grafite e máscaras negras nos faróis
de neblina sob o conjunto óptico retangular contribuem para tornar o
Duster mais invocado. Na traseira, o monograma com a inscrição 4WD (de
four-wheel drive), o diferencia das demais versões e revela sua vocação
mais aventureira que urbana. Em suma, é rústico, mas bacana.
A Tração integral e conjunto de suspensão (McPherson na dianteira,
multilink na traseira) enfrentam obstáculos sem deixar brecha para perda
de potência, conforto ou segurançaO motor do Duster Dynamique 4WD é um 2.0 de quatro cilindros em linha,
16 válvulas bicombustível, que desenvolve potência de 138 cavalos com
gasolina e 142 cavalos com etanol a 5.500 rpm, com torque máximo
de19,7kgfm e 20,9 kgfm (gasolina e etanol) a 3.750 rpm. Segundo dados da
Renault, a aceleração de 0 a 100 km/h é de 11,1 segundos com gasolina e
10,4 segundos com etanol, e as velocidades máximas são de 178 Km/h e
181 km/h, respectivamente. Ou seja, há potência e fôlego suficientes
para aquilo a que o jipinho se dispõe.
Os três modos de uso da tração estão disponíveis num seletor no console
-- sim, é possível determinar quando usá-la. Em 2WD, ou 4x2, apenas o
eixo dianteiro é acionado e, em condições seguras como piso seco e
aderente, este modo diminui o consumo de combustível. Em Auto, a
aderência das rodas em cada eixo é monitorada e a distribuição do torque
é feita entre ambos, dependendo da necessidade de cada piso trafegado
ou situação de risco.Em 4WD Lock, o bloqueio do diferencial divide o torque por igual entre
os eixos dianteiro e traseiro, transferindo mais força para o conjunto
todo. É indicado em pisos de pouca aderência, como lama e areia, ou
quando um dos pneus patina ou perde contato com o solo. Tanto a função
2WD quanto a 4WD Lock possuem aviso luminoso no painel de instrumentos e
todas as mudanças podem ser feitas com o veículo em movimento -- mas o
modo Lock é desativado automaticamente aos 80 km/h.
O câmbio é manual e de seis velocidades, e é neste aspecto que a
condução do Duster é prejudicada, especificamente no trânsito das
cidades.Sem contar com caixa de redução, optou-se por relações bastante curtas,
e a primeira marcha se apresenta como uma espécie de reduzida. Com esta
configuração, mais vantajosa para o uso fora-da-estrada (onde a força é
mais importante que a velocidade), as saídas em primeira marcha elevam
muito rapidamente a rotação do motor, transferindo bastante torque para
as rodas e provocando um verdadeiro coice em todo o conjunto -- bem
típico dos verdadeiros jipes.
À parte os incômodos do câmbio, dirigir o Duster na cidade é uma tarefa
fácil. O jipinho é ágil, a direção hidráulica é bem leve e tem respostas
rápidas, além de bom diâmetro de giro (10,7 m), o que facilita as
manobras. A boa visibilidade e a altura elevada fizeram muita diferença
em dias chuvosos, quando ruas ficam alagadas.Na estrada, o rodar é macio e o motor bem-disposto permite
ultrapassagens seguras. Não fosse o constante "assobio" do diferencial
da tração integral, somado ao ruidoso ar-condicionado, e as viagens
longas poderiam ser bem mais prazerosas. Em velocidades muito altas, em
linha reta, o conjunto tende a flutuar um pouco e, em curvas mais
acentuadas, o Duster fica muito instável, com tendência a sair de frente
e grande inclinação da carroceria. Nada que não se espere de um
veículo com suas características, mas que sirva de alerta aos motoristas
mais abusados.
Mas foi mesmo rodando na terra, na areia, entre pedras, buracos e
lamaçais (todos de pequeno a médio porte, há de se ressaltar), que o
Duster 4WD mostrou ao que veio e surpreendeu pelo desempenho.A começar pela exclusiva suspensão traseira independente multilink, com
molas helicoidais e amortecedores hidráulicos verticais, que absorve
muito bem os impactos, minimizando os solavancos dentro da cabine.
Aliada aos pneus de uso misto 215/65, a suspensão oferece um sacolejo
bem mais tolerável ao corpo humano enquanto o jipinho transpõe buracos,
valetas e mesmo as famosas "costelas" das estradinhas de terra. Esta
virtude também foi muito bem-vinda ao trafegar pelas ruas e estradinhas
com asfalto esburacado.No geral, o Duster 4WD mostrou mais virtudes do que defeitos, um deles a
vontade de beber: com etanol, o consumo médio na cidade foi de 7,4
Km/l, e de 8,2 km/l na estrada; com gasolina, a média foi de 8,2 km/l na
cidade e de apenas 9,2 km/l na estrada.Pode até ser que a guerra entre Duster e EcoSport, cuja batalha
principal acontece este ano, tenha outro favorito. Mas num duelo que,
certamente, contará com fogo cruzado de promoções e descontos, quem pode
sair vencedor é o comprador de jipinhos.
Lindo esse modelo, eu adorei.
ResponderExcluirParabéns.